quinta-feira, 7 de março de 2024

Fugindo dos extremos: No Meio.




 Acredito que o meu prazer (e um certo charme) em manter esse blog é a inconstância que tenho em atualizá-lo. A cada novo post eu me sinto diferente; mudado.
E depois de, aproximadamente, sete meses, uma mudança de Estado/Cidade, eu venho aqui expor minhas ideias bagunçadas.

Deixando tudo pra trás em Salvador e indo para outra cidade a trabalho em busca de novas experiências, eu me vejo quebrando expectativas: as minhas próprias, do ambiente que me cercava, das pessoas agora ausentes. Porém nada disso ofusca o peso do novo e o novo... ele assusta! E é exatamente nesse novo que voltamos a descobrir tudo de bom e tudo de ruim que somos, fomos ou passamos.

Mas meu objetivo não é falar sobre erros, acertos. Não! Eu vim falar sobre o meio. Nem os altos nem os baixo. A metade. Nem frio ou quente. Morno. 
É estranho e desconfortável nos colocarmos à prova constantemente, descobrindo que somos muito bons ou muito ruins e nessa chuva de informações deixamos passar detalhes que também fazem parte do processo, seja por uma rotina acelerada ou pela auto depreciação. E, finalmente, é aí que entra o meio, a metade, o morno. Quando não somos bons ou ruins, quando não estamos em cima ou em baixo. Diria eu que é "ressignificância" da mediocridade. 
Eu acredito de fato que esse texto faz muito sentido para mim, e talvez um pouco para você, provável leitor, porquê ele vem do resultado de uma vivência angustiante que te faz olhar para o centro das coisas, sair das bordas e encontrar os grãos perdidos nessa tigela de sopa de conquistas e desgraças. 

Para tentar montar esse quebra-cabeça eu me recordo de um trecho do primeiro livro que li por completo (eu não faço ideia se eu já citei ele aqui no blog em alguma outra publicação), Para Sempre  de Kristin Hannah. 

"o amor não era uma grande fogueira que penetrava na alma e ardia até impedir qualquer reconhecimento. Eram momentos cotidianos simples que se acumulavam uns sobre os outros  feito tijolos, até formarem uma fundação sólida que nada podia derrubar. Nem o vento, nem a chuva. 
Nada."

O livro é sobre um romance problemático e fala sobre amor, mas eu não vim escrever sobre amor. Eu vim escrever sobre o meio. 
Eu tiro duas partes: a primeira falando sobre momentos que se tornam tijolos para a construção de uma parede; a segunda é a criação de uma fundação inabalável. Se tirarmos o nosso foco da magnificência da construção sólida que se torna a vida, desse projeto completo que ironicamente continua em construção até a nossa morte, vemos os tijolos que foram usados, percebemos tudo aquilo que está no meio. E muito do que somos está nessa parte da construção, os momentos mais prazerosos e inesperados, as pessoas que não foram tudo e não foram nada para nós. Quando você decidiu algo sem estar rindo ou chorando. 
"Mas Luis, nós já conhecemos essa ideia de que a caminhada é mais produtiva que a chegada. O que de novo e interessante você está querendo transmitir para qualquer alma que ainda saiba que o Blogger existe e talvez leia essa publicação?" 
Nada! E esse é exatamente o ponto. Não ser extraordinário, contudo não ser irrelevante. 

Para mim desenvolver a ideia do meio vai além desse texto e ainda estou em crescimento a respeito disto. O que posso dizer é que foram meus momentos de mediocridade e de temperatura morna que me mostraram os pedaços de tijolos que eu não lembravam que usei para construir minha fundação inabalável. E me mostraram também coisas que eu nem sabia que estava lá. 
Eu poderia escrever por horas e criar uma linha de raciocínio enorme com exemplos e convicções, todavia eu irei terminar minha explanação no meio. 

Quem sabe se eu ler e reler a parte central do texto eu dê outra resposta a minha pergunta e descubra que criei algo estranhamente bom e que incentiva a mim e aos leitores a avaliar a vida de outra forma.
Ou não, foi apenas um texto curto, prolixo que se valorizou de mais e que sintetiza a frase de minha crítica de filmes favorita do Youtube, Isabela Boscov: 
"Isso só pode ser dívida de jogo!".

Acho que ficou meio confuso.

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